sexta-feira, 22 de março de 2024

DIA MUNDIAL DA POESIA

Sarau de Poesia celebra 

os valores de Abril

Os valores de Abril deram vida ao Sarau que, assinalando o Dia Mundial da Poesia, tratou de celebrar Abril e as portas que Abril abriu.

A sessão aconteceu no Auditório Municipal, que se revelou demasiado pequeno, tal a afluência de alunos, encarregados de educação e familiares em geral, e também de professores e de outros membros da comunidade educativa.

Numa iniciativa da Biblioteca Escolar e do Projeto Cultural do Agrupamento, em articulação com o Grupo de Português e os Pelouros da Educação e Cultura da Câmara Municipal, o Sarau Poético foi uma verdadeira Festa da Palavra, em que a leitura e a música se conjugaram harmoniosamente, dando aos participantes a oportunidade de partilhar as suas emoções e de aprofundar a reflexão sobre as conquistas de Abril, nomeadamente a Liberdade e a Cidadania.

De uma forma abrangente, alunos do 1.º Ciclo ao 12.º ano de várias escolas do Agrupamento e ainda familiares e professores fizeram questão de dar voz à Palavra feita música e Poesia, celebrando a criatividade, a inspiração poética e os valores de uma sociedade democrática.


Nas suas mensagens, tanto o Dr. Soares Alves, Subdiretor do Agrupamento, como o Dr. José Alfredo Oliveira, Vice-presidente da Câmara Municipal, felicitaram os participantes na iniciativa, assim como os seus organizadores, enaltecendo o poder da Palavra e chamando a atenção para a necessidade de cuidar a Democracia e a Liberdade.

Biblioteca Escolar

50 ANOS DO 25 DE ABRIL

A Liberdade é como um cravo: 

precisa de ser cuidada para não morrer

“A Liberdade pode não durar para sempre. Ela é como um cravo, precisa de ser cuidada e regada, todos os dias, para não murchar e morrer”.

A mensagem foi transmitida por Rui Ramos, no decorrer de uma sessão que dinamizou para os alunos dos 2.º, 3.º e 4.º anos das EB de Crasto e de Entre Ambos-os-Rios.

Inspirado na obra “Miguel e Kiko no 25 de Abril, de Gisela Silva e ilustrações de Susana Lima, o ator e contador de histórias proporcionou uma animada e interativa teatralização sobre os valores de Abril.

Sempre num registo divertido e muito próximo, Rui Ramos conduziu os mais novos por um interessante vigem no tempo, ilustrando as condições de vida e a repressão da ditadura e da PIDE, antes do 25 de Abril, o processo revolucionário e a alegria da chegada da Liberdade, há 50 anos, e o desafio cívico de continuarmos a zelar por este precioso património, que a Revolução dos Cravos nos ofereceu.

As duas sessões – que complementaram as que já haviam sido realizadas, uma semana antes, com Inácia Cruz, para os colegas da EB Diogo Bernardes – inserem-se no âmbito do programa comemorativo dos 50 anos do 25 de Abril, que o Agrupamento está a implementar.

Os encontros com os dois contadores de histórias foram devidamente preparados, num trabalho articulado entre os docentes titulares e a Biblioteca Escolar, que, na hora do conto, fez para cada uma das turmas a leitura expressiva da obra, com uma abordagem reflexiva das grandes conquistas de Abril. 

Biblioteca Escolar

quinta-feira, 21 de março de 2024

A CANTIGA É UMA ARMA

“Eu vim de longe, eu vou p'ra longe” (1982)

Em 1982, oito anos depois do fim do seu exílio em Paris, José Mário Branco publicou “Ser Solidário”, um duplo álbum original que navega entre o fado e o jazz, entre a canção francesa e a moda popular. 

Uma das canções em destaque no disco, sobretudo pelo profundo significado da letra, é “Eu vim de longe, eu vou pr’a longe”.

Sete anos depois do fim do Processo Revolucionário Em Curso (PREC), que agitou Portugal, o artista interpreta um sentido testemunho de desilusão, ou melhor, de “derrota”, mas também de esperança, face ao curso dos acontecimentos, entre abril de 1974 e novembro de 1975:

        “Quando a nossa festa se estragou

        E o mês de Novembro se vingou

        Eu olhei p'ra ti

        E então eu entendi

        Foi um sonho lindo que acabou

        Houve aqui alguém que se enganou”.


Profundamente desiludido, ou “derrotado”, com o rumo dos acontecimentos, o artista deixa, no entanto, uma mensagem final de otimismo e de esperança:

        “Quando finalmente eu quis saber

        Se inda vale a pena tanto qu'rer

        Eu olhei p'ra ti

        E então eu entendi

        É um lindo sonho p'ra viver

        Quando toda a gente assim quiser.

                (…)  São a parte que eu posso prever

                Do que a minha gente vai fazer”.

A história da produção do álbum “Ser Solidário” merece, aliás, uma referência. Não conseguindo o apoio de nenhuma editora nacional para o publicar, José Mário Branco optou por apresentar as canções em formato espetáculo, no Teatro Aberto, em Lisboa.

As apresentações ao vivo, que se prolongaram no tempo, sempre esgotadas, foram aproveitadas para distribuir um cheque-disco pelo público, que serviria como pré-financiamento para a edição do álbum, numa pioneira estratégia pioneira de “crowdfunding”.

O famoso tema “FMI” era parte integrante do espetáculo “Ser Solidário”. Gravado numa das exibições, foi publicado em formato maxi single em 1982 e oferecido juntamente com o LP “Ser Solidário”, apresentando a mensagem de que, "por determinação expressa do autor, ficava proibida a audição pública parcial ou total da obra."

Independentemente do posicionamento que cada cidadão possa ter face ao curso da Revolução dos Cravos, “Eu vim de longe, eu vou pr’a longe” tornou-se uma canção emblemática, com o seu refrão a fazer parte do imaginário nacional.

Vamos, então, ouvir – e cantar – “Eu vim de longe, eu vou pr’a longe”, com José Mário Branco…

É uma interpretação no “Programa Vozes de Abril” da RTP, realizado ao vivo no Coliseu dos Recreios em 2008, no âmbito das comemorações do 25 de Abril.

A Organização


quinta-feira, 14 de março de 2024

A CANTIGA É UMA ARMA

“Uns vão bem e outros mal”

A pouco mais de um mês da passagem dos 50 anos do 25 de Abril, a edição desta semana de “A Cantiga é uma Arma” recupera uma canção de 1977.

Chama-se “Uns vão bem e outros mal” e foi escrita, composta e interpretada por Fausto, um dos grandes cantautores da música popular portuguesa.

Lançada em 1977, em pleno refluxo revolucionário, a canção faz parte do disco “Madrugada dos Trapeiros”, um título bem sugestivo e até provocatório.


Pouco anos depois da Revolução dos Cravos, o ideário de Abril é objeto de reflexão nesta cantiga, com particular destaque para um dos eixos prioritários da ação do Movimento das Formas Armadas – o “D”, de Desenvolvimento.

Num registo intemporal, Fausto fala, da “crise da habitação”, da emigração, fala “de velhas casas vazias”, de “tanta gente sem trabalho, não tem pão nem tem sardinha e nem tem onde morar” – “E assim se faz Portugal, uns vão bem e outros mal”.

Face a todas estas fragilidades e disfunções sociais, o grito cívico de cantautor deixa uma pergunta: “E como pode outro alguém, tendo interesses tão diferentes, governar trabalhadores, se aquele que vive bem, vivendo dos seus serventes, tem diferentes valores?”.

É por isso que, na roda da vida, o baile dos trabalhadores bate ao ritmo do tambor: “Não queremos cá opressores, se estivermos bem juntinhos, vai-se embora o mandador, vai-se embora o mandador.”

Pouco anos depois da Revolução dos Cravos, o sonho revolucionário de uma sociedade livre e democrática, que valoriza a justiça social e o direito de todos a bens essenciais, é, assim, questionado e objeto de síntese num verso emblemático, que se repete ao longo da cantiga: “E assim se faz Portugal, uns vão bem e outros mal”.

Vamos, então, ouvir – e cantar – este grito de cidadania de Fausto, em 1977: “Uns vão bem e outros mal”…

A Organização

terça-feira, 12 de março de 2024

A CAMINHO DOS 50 ANOS DO 25 DE ABRIL

Teatralização para os mais novos celebra os valores de Abril

Os valores de Abril estiveram no centro de uma animada teatralização dinamizada pela atriz Inácia Cruz para os alunos dos 2.º, 3.º e 4.º anos da Escola Básica Diogo Bernardes.

Inspirada na obra “Miguel e Kiko no 25 de Abril”, de Gisela Silva e ilustração de Susana Lima, selecionada para o concurso de leitura, a convidada envolveu os mais pequenos numa viagem que os levou a conhecer o antes, o momento histórico da conquista da Liberdade e o depois da Revolução dos Cravos.

Sempre num registo vivo e dinâmico, em que os alunos se tornaram intervenientes na ação, Inácia Cruz deixou a terminar uma mensagem muito forte, em termos de cidadania proativa: “A Liberdade é um bem precioso que devemos guardar no coração e ter sempre no pensamento, lutando por ele”.


As três sessões realizadas no auditório da Escola Secundária inserem-se no âmbito do programa comemorativo dos 50 anos do 25 de Abril, que o Agrupamento está a implementar.

No próximo dia 20 de março é a vez de o ator Rui Ramos visitar as Escolas Básicas de Crasto e de Entre Ambos-os-Rios, para aí desenvolver idêntico trabalho.

Os encontros com os dois contadores de histórias foram devidamente preparados, num trabalho articulado entre os docentes titulares e a Biblioteca Escolar, que, na hora do conto, fez para cada uma das turmas a leitura expressiva da obra, com uma abordagem reflexiva das grandes conquistas de Abril.

Biblioteca Escolar

sexta-feira, 8 de março de 2024

NO DIA INTERNACIONAL DA MULHER

MULHER

A mulher não é só casa,
mulher-loiça, mulher-cama,
ela é também mulher-asa,
mulher-força, mulher-chama,

E é preciso dizer
dessa antiga condição
a mulher soube trazer
a cabeça e o coração.

Trouxe a fábrica ao seu lar
e ordenado à cozinha
e impôs a trabalhar
a razão que sempre tinha.

Trabalho não só de parto,
mas também de construção
para um filho crescer farto,
para um filho crescer são.

A posse vai-se acabar
no tempo da liberdade,
o que importa é saber estar
juntos em pé de igualdade.

Desde que as coisas se tornem
naquilo que a gente quer,
é igual dizer meu homem
ou dizer minha mulher.

José Carlos Ary dos Santos